Na velha dinâmica entre meio e mensagem, a abordagem adotada é tão importante quanto a substância do conteúdo proposto
A comunicação é o elo que conduz e une a sociedade. Na linha de frente, estão os profissionais da área, a fim de garantir que toda e qualquer informação relevante chegue aos interessados. Se, ao mesmo tempo em que os objetivos são visíveis e ilustram a importância do tema, não há como desconsiderar a complexidade que novas plataformas atribuíram à forma como nos comunicamos.
Recentemente, discutimos a influência exercida pela Inteligência Artificial sobre o trabalho jornalístico. Hoje, o conteúdo, de modo geral, chega por meio de vídeos curtos, trechos com quantidade reduzida de caracteres, postagens que se propagam sem qualquer tipo de garantia de confiabilidade, entre outros métodos os quais, apesar de democratizarem o acesso à informação, trazem um ônus capaz de separar o certo do errado, sem maiores interpretações. Não por acaso, a onda de fake news tem sido tratada como um dos maiores males contemporâneos.
Claro, demonizar a utilização de ferramentas digitais não é e nunca será o caminho. Usá-las com responsabilidade e consciência cívica, sem dúvidas, é um hábito a ser estimulado e perpetuado no Brasil e no mundo. A despeito de parecer um cenário utópico, essa é uma missão de todos nós – e não exclusiva a jornalistas.
Porém, sob a perspectiva de quem produz a informação, os desafios não são menos relevantes. Controlar o que o leitor julgará do que foi “colocado no papel” está fora de cogitação, mas assegurar que sua mensagem seja entregue de acordo com o que foi proposto para o material elaborado, isso, de fato, está ao alcance do escritor.
Na comunicação escrita, todo detalhe importa
Qual é o contexto? E o propósito? O tom do artigo? Existe alguma conclusão? Ou a ideia é despertar a dúvida e, por consequência, a reflexão? A ideia está sendo abordada dentro de um viés de suposição? O plano de fundo é baseado em informações concretas?
Poderia listar mais dezenas de perguntas que, de uma maneira ou de outra, deverão ser replicadas no meio adotado para transmitir a mensagem. Desde notas diretas a artigos mais abrangentes, a premissa é similar. O que não significa, definitivamente, o engessamento de uma atividade cuja criatividade é um elemento crítico. O desafio, para o jornalista, por exemplo, é justamente esse.
O jornalismo pressupõe o manuseio da informação, mas não sua manipulação. Não se pode, em nenhuma hipótese, confundir as duas coisas. Para favorecer o entendimento coletivo do conteúdo desenvolvido, os artifícios são vários, como sugerido anteriormente. O que está sendo dito é fundamental, mas a redoma que cerca o discurso, se não for conduzida com a devida seriedade, pode comprometer a qualidade do texto e mais: atingir um efeito reverso do desejado.
A linha é tênue. Em razão, principalmente, pela gravidade de problemas causados por uma informação trabalhada sem cuidados ou preocupações. Os danos são imensuráveis, e servem de justificativa para que, cada vez mais, as figuras condutoras da comunicação atuem com mais responsabilidade, orientadas por um compromisso social inegociável.
Fabio Oliveira é Produtor de Conteúdo na IDEIACOMM.