Vivemos em um ambiente econômico e social em pleno estado de mudança. Do metaverso ao avanço progressivo da inteligência artificial nos mais diversos campos de nossa vida, são tantas as transformações que quase não conseguimos mais acompanhar a velocidade com que inovações disruptivas surgem a cada dia. É nesta seara de revoluções digitais que cresce no mercado o debate em torno do conceito e da aplicação dos NFTs (em tradução literal, tokens não fungíveis).
Para termos uma perspectiva mais clara desse cenário, em 2021, de acordo com dados da consultoria Chainalysis Inc divulgados pela Bloomberg, o mercado de NFTs movimentou valores superiores a US$ 40 bilhões. E esse, a princípio, é apenas um primeiro passo, uma vez que estamos falando de uma tecnologia que já influencia uma série de segmentos, incluindo mídia e entretenimento, moda, varejo, bem como, o próprio universo do marketing.
Mas quais os possíveis benefícios dos tokens não fungíveis para as marcas e de que modo seu posicionamento mercadológico pode ser influenciado por essa tendência?
Para não confundir alhos com bugalhos
De antemão, vale a pena revisarmos, brevemente, o conceito de NFTs. Os tokens não fungíveis têm uma relação direta com o desenvolvimento de criptomoedas, só que, enquanto a bitcoin e outros exemplos de moedas digitais se referem a tokens que podem ser intercambiados – isto é, utilizados em algum tipo transação, geralmente de ordem econômica – os NFTs tratam-se, de modo bem objetivo, de ativos digitais únicos, que não podem ser reproduzidos e cuja autenticidade é garantida por meio de códigos criptografados de blockchain.
Em outras palavras: podemos entender os tokens não fungíveis como certificados que garantem a autenticidade de qualquer elemento digital – uma fotografia, um protótipo visual, itens colecionáveis, entre outros.
A primeira aplicação de um NFT tem data de 2014, quando foi apresentado em um evento sobre arte e tecnologia no New Museum of Contemporary Art de Nova York. Desde então, obras digitais não-replicáveis com base em NFTs foram comercializadas por valores expressivos em casas de leilão ao redor do mundo e tem chamado a atenção de outros segmentos de mercado.
As aplicações dos NFTs no marketing e o futuro
E aí começa a relação dos NFTs com o marketing digital. Enquanto na internet a densidade de informações disponíveis cria uma ilha onde conteúdos se perdem e marcas precisam criar estratégias para se diferenciar, os tokens não fungíveis oferecem, ao menos, três benefícios bastante claros que já começam a ser explorados por empresas: geração de valor, criação de bases de brand lovers e personalização.
No âmbito da geração de valor, os NFTs contribuem para a criação da ideia de escassez, da oferta de algo único e que cria um laço de identidade entre marcas e consumidores. Nesse sentido, quando a Taco Bell lançou gifs colecionáveis certificados em NFT, além de criar um buzz no mercado e despertar o interesse de fãs da empresa, ela passou a captar em cima das revendas dos gifs originais que já chegaram a ser leiloados por mais de US$ 20 mil.
Consequentemente, a partir da oferta de experiências únicas para os consumidores, redes de defensores de marca vão sendo construídas e o engajamento com as empresas só cresce diante da busca pela exclusividade oferecida pelos NFTs.
Por fim, temos ainda o fator personalização. A Nike embarcou nessa tendência ao permitir que consumidores criassem tênis personalizados – posteriormente patenteados como NFTs – e que poderão ser lançados no mercado.
Ou seja: estamos falando de todo um novo contexto que reduz as pontes entre marcas e clientes, cria identificação, senso de pertencimento e potencial geração de novas receitas. E isso é apenas o primeiro vislumbre de um horizonte que está apenas em sua fase embrionária. Com o avanço do metaverso e a queda definitiva dos muros entre os universos físico e digital, novas aplicações poderão surgir dentro de um ambiente de consumo instigante e que começa a se descortinar.
Nesse sentido, cabe aos profissionais de marketing estudarem o avanço dos NFTs na economia contemporânea, pois, o fato é que, independentemente de qual será a configuração do mercado, é bem provável que ele continue valorizando aquilo que é único e exclusivo.
Juliana Garcia é CEO da IDEIACOMM. Comunicóloga, jornalista por formação e apaixonada pelo trabalho de mídia espontânea. Atua há mais de 15 anos como Public Relations, sendo que, deste período, 10 anos à frente da IDEIACOMM, agência de conteúdo, social media e assessoria de imprensa para empresas de Tecnologia, Startups, Tributaristas e área jurídica.