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Em tempos de IA, autenticidade não precisa ser um Calcanhar de Aquiles! 

O uso pontual de ferramentas generativas não é um dos grandes males da humanidade, mas também não deve ditar a produção de conteúdo 

O uso de plataformas de Inteligência Artificial (IA) chegou à produção de conteúdo com os dois pés na porta. Soluções generativas, que funcionam em um sistema de geração de conteúdo com base em informações previamente fornecidas, utilizando o aprendizado de máquina para reproduzir respostas e interagir com os usuários, despontam como alternativas efetivas para a criação de textos, seja para elaborar um post, construir um artigo ou trabalhar um material mais profundo, como um eBook.  

De fato, as possibilidades beiram o infinito. Mas junto às vantagens demonstradas pelo fenômeno digital, questões igualmente relevantes começam a pairar sob os que optam por aplicar essas ferramentas no dia a dia de trabalho. Em meio a inúmeras opiniões – das mais diversas naturezas –, não é difícil estigmatizar a IA, seja como uma salvadora da pátria ou uma inimiga a ser combatida pelo bem da integridade moral.  

Frente ao maniqueísmo, existe meio-termo? Muito já foi dito sobre o tema, então, para revigorarmos o debate, ir além de benefícios e malefícios para enfatizar o equilíbrio como a resposta mais assertiva é um bom caminho. Porém, não há como fugir da complexidade ligada ao assunto. 

Quem está no controle? 

Para os profissionais que escrevem artigos, tomando como exemplo uma vertente bastante significativa no meio jornalístico, produzir um texto é um processo quase ritualístico. Todos têm suas idiossincrasias, hábitos de pesquisa, métodos criativos, entre outros fatores que influenciam na hora de retirar ideias da cabeça e colocá-las no papel. Entendo que, hoje, a IA é mais um elemento que pode ou não ser considerado.  

E digo isso não por preferir ficar em cima do muro, mas por fazer jus à relatividade do que está sendo produzido. Um artigo altamente técnico, que requer estatísticas específicas ou informações de enorme viés segmentado, naturalmente, pode motivar o escritor a pesquisar esses dados em plataformas disponíveis na web. Por que não, então, utilizar tecnologias generativas? 

Caso esse caminho seja escolhido, invariavelmente, a questão ética ganha forma. O jornalista, ao desenvolver um artigo – agora, não importando a temática que rege o material -, tem um compromisso a ser respeitado com princípios éticos, e correr o risco de plagiar informações dispostas na internet é um comportamento amplamente incompatível com a profissão. O mesmo vale para a checagem de fontes, para que nada datado ou incorreto acabe aproveitado.  

O jornalista, ou publicitário, independe a ocupação, pode e deve estar no controle, para que a IA cumpra sua função de maneira criteriosa.  

Os textos memoráveis (ainda) são humanos 

Se você está lendo esse artigo, faça o exercício: lembre, imediatamente, do melhor filme que já assistiu. Qualquer um. De qualquer gênero, idioma ou metragem. Seja lá qual for sua escolha, tenho a tranquilidade de afirmar que o filme em questão tem diálogos marcantes, cenas espetaculares, atuações sólidas, entre outros diferenciais que culminam em uma obra com personalidade.  

Para a leitura de artigos, a premissa é similar. Textos genéricos, engessados, que se garantem em uma zona de conforto e pouco estimulam o raciocínio do leitor, tendem a permanecer no esquecimento. Isso não quer dizer que eles sejam ruins, mas não são marcantes como poderiam ser.  

Peças de reflexão, opinativas, com um autor que se apoia em um objetivo bem resolvido, carecem de personalidade. Para instigar é preciso engajar. E, modéstia à parte, os humanos ainda detêm a capacidade única de trabalhar ideias com um olhar que, definitivamente, a máquina não tem. 

Por ora, entendo que os produtores de conteúdo são donos de suas ações e devem agir para valorizar suas capacitações, com respeito à verdade dos fatos. Se a informação é nosso bem mais valioso, chegou a hora de tratá-la com o devido rigor. Não pela demonização da Inteligência Artificial, tampouco por sua canonização, mas pelo equilíbrio de se dosar contribuições tecnológicas sem perder a essência que nos marca como seres humanos e, nesse caso, como profissionais da escrita.  

*Fabio Oliveira é Coordenador de PR e Conteúdo na IDEIACOMM.

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