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Em tempos artificiais, ainda nos lembramos como é fazer o bom e velho jornalismo? 

À medida que a inteligência artificial redefine o cenário jornalístico, é fundamental reconhecer a importância do bom e velho jornalismo na busca pela verdade  

O jornalismo sempre foi uma pedra fundamental na construção da sociedade moderna. Desde seus primórdios, quando as palavras eram impressas em papel e entregues aos lares, até os dias de hoje, onde a informação é instantaneamente acessível na palma da mão, ele tem desempenhado um papel vital na nossa compreensão do mundo que nos rodeia. Mas, à medida que avançamos em uma era cada vez mais dominada pela inteligência artificial e pela automação, surge a pergunta: ainda nos lembramos de como é fazer o bom e velho jornalismo? 

Para entender a importância do jornalismo, é essencial olhar para o contexto histórico. O jornalismo moderno tem suas raízes no século XVII, com o surgimento dos primeiros jornais impressos na Europa. Desde então, jornalistas têm desempenhado um papel vital na exposição de escândalos, na cobertura de eventos históricos e na divulgação de informações essenciais para a sociedade. Grandes feitos jornalísticos como a cobertura do Watergate pelo Washington Post ou a reportagem de guerra de correspondentes como Ernie Pyle durante a Segunda Guerra Mundial, têm marcado a história e demonstrado o poder do jornalismo na busca pela verdade. 

No entanto, o cenário atual do jornalismo é muito diferente do passado. A ascensão das inteligências artificiais e da automação transformou a maneira como as notícias são produzidas e consumidas. Algoritmos podem gerar notícias de forma rápida e eficiente, enquanto as redes sociais e os agregadores de notícias tornaram a disseminação de informações mais rápida do que nunca, além da inteligência artificial, que também desempenha um papel na análise de dados e na identificação de tendências, auxiliando jornalistas na coleta de informações. 

Com isso, voltamos a questão inicial do texto. E a resposta é sim, mas com desafios significativos. Embora a tecnologia tenha simplificado a produção e distribuição de notícias, também levou a preocupações sobre a veracidade e a qualidade das informações. A disseminação de notícias falsas e a polarização nas redes sociais são preocupações cada vez maiores, e no que diz respeito ao fator humano, a automação pode ameaçar empregos na indústria jornalística, tornando a sobrevivência financeira dos veículos de comunicação tradicionais uma luta constante. 

É importante reconhecer que o jornalismo ainda desempenha um papel crucial em nossa sociedade. Jornalistas treinados e éticos desempenham um papel fundamental na verificação de fatos, na investigação profunda e na responsabilização das autoridades. Eles também têm a capacidade de contar histórias humanas de uma forma que vai além dos números e dos algoritmos. O jornalismo, quando bem feito, nos lembra da importância da empatia, compreensão e responsabilidade social. 

Em tempos artificiais, é fundamental não perder de vista os valores do bom e velho jornalismo. Devemos valorizar a busca pela verdade, a narrativa cuidadosa e a responsabilidade na disseminação de informações. Ao fazê-lo, podemos garantir que o jornalismo continue a ser uma voz confiável em um mundo cada vez mais digital e automatizado. 

Em última análise, a pergunta que devemos nos fazer não é apenas se lembramos como é fazer o bom e velho jornalismo, mas sim se estamos dispostos a valorizar e apoiar essa profissão em um mundo cada vez mais tecnológico. O futuro do jornalismo depende de nossa resposta a essa pergunta, e a qualidade de nossa sociedade também está intrinsecamente ligada a ela. Cabe a todos nós lembrar, valorizar e defender o papel vital do jornalismo em nossa sociedade, independentemente dos avanços tecnológicos que o mundo possa trazer. 

Stephanie Ferreira é Estrategista de Comunicação na IDEIACOMM. 

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