Diante da consolidação dos regimes híbridos e de teletrabalho nas empresas, que estratégias adotar para ter ganhos de eficiência com suas equipes?
Impulsionado pelo cenário desafiador e único de pandemia que teve seu auge ao longo dos últimos dois anos, o trabalho remoto deixou de ser uma mera possibilidade no ambiente corporativo global, para se tornar uma questão de sobrevivência para milhares de organizações.
De acordo com dados da Owl Labs, por exemplo, atualmente, 16% das companhias de todo o mundo estão atuando em regime de full home office, enquanto no Brasil, cerca de 8,2 milhões experienciaram algum modelo de trabalho remoto ao longo de 2020, segundo o IPEA.
O fato é que, seja no regime híbrido – que une dias de trabalho presencial e a distância e é preferência de maior parte das empresas brasileiras, conforme levantamento recente da Robert Half – ou em modelos plenos de teletrabalho, estamos falando de alternativas que devem se consolidar no contexto de pós-pandemia e fazer parte da realidade mercadológica nacional.
E, como todo processo de transformação mais profunda, o trabalho a distância traz consigo oportunidades e questões complexas a serem superadas.
Assim, se por um lado estamos falando de uma opção que traz mais flexibilidade e potencial redução de custos para organizações e colaboradores, é preciso também levar em conta o desafio de equilibrar produtividade e qualidade de vida em tempos remotos.
Sobre essa busca, é interessante observar que dados divulgados pela Harvard Business Review em reportagem do ano passado apontaram que a maioria dos gestores está dividida sobre a questão da produtividade de suas equipes no home office: com uma parte deles afirmando que a eficiência dos times diminuiu (na casa de 20%) e um número levemente maior discordando da afirmação.
Mas o que diferencia essas visões? No meu ponto de vista, temos um dilema que pode ser superado com estratégia e algumas ações bem direcionadas, de modo que os benefícios do teletrabalho não sejam absorvidos pela falta de organização e de planejamento.
A importância de um check-in diário
O primeiro ponto a ser observado nesse sentido envolve o estabelecimento de rotinas e de uma estrutura de trabalho que não transforme o home office em um ambiente caótico do ponto de vista gerencial e que pode afetar, inclusive, a vida pessoal dos colaboradores.
Em outras palavras: horários, indicadores, listas de prioridade e check-ins periódicos (que podem, inclusive, ser aplicados a partir de reuniões curtas, objetivas e diárias) podem ser a base inicial para um regime de teletrabalho produtivo.
Comunicação & tecnologia
E por falar em check-ins periódicos, o trabalho a distância é conduzido, em boa parte do tempo, de modo assíncrono. Por isso mesmo, não é possível depender somente do e-mail como canal de comunicação.
Grupos profissionais de WhatsApp, canais de comunicação como Slack ou Teams, videoconferências… Essas são apenas algumas das alternativas que podem contribuir com o engajamento e a produtividade no home office.
O segredo é utilizar a tecnologia a seu favor. Mas aqui fica outro ponto de observação: também é preciso encontrar um ponto de equilíbrio, para que os canais de comunicação não se transformem em fontes de ruído ou excesso comunicacional que, sem dúvidas, irão prejudicar os resultados de suas equipes.
A distância não deve ser traduzida como falta de interação
Para além dos feedbacks, comunicação de objetivos e diálogos formais, é importante criar pontes com os colaboradores para que eles não percam o senso de pertencimento e de envolvimento positivo com sua empresa.
Logo, criar momentos e espaços de interação informal – a distância e/ou presenciais – não só são ações benéficas tanto do ponto de vista de uma aproximação mais genuína com seus times, quanto para contribuir para que eles construam relações de propósito e comprometimento com a empresa, favorecendo assim, os índices de produtividade.
A saúde mental e o respeito aos limites
Finalmente, não se pode esquecer que só há produtividade e qualidade no trabalho, quando há saúde mental. E isso implica dizer que, do mesmo modo que precisamos estabelecer rotinas e processos organizacionais claros, também é preciso respeitar as fronteiras da vida pessoal e do trabalho.
Incentive suas equipes a seguirem os horários definidos pela empresa, não envie mensagens de trabalho fora desse expediente por qualquer canal e ofereça suporte psicológico, apoio e espaço para o diálogo diante da identificação de eventuais dificuldades por parte de um colaborador.
Afinal de contas, um líder que não preza por uma estrutura de trabalho humana dificilmente terá indicadores de produtividade relevantes e, em tempos de mudança, os desafios se superam em conjunto.
Camila Thomaz é Diretora Comercial da IDEIACOMM, agência de conteúdo, social media, eventos corporativos e assessoria de imprensa para empresas de Tecnologia, Startups, Tributaristas e área Jurídica.